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Luto e restrição de ônibus após morte de criança em Niterói

Imagem ilustrativa da imagem Luto e restrição de ônibus após morte de criança em Niterói
Moradores precisam caminhar cerca de 2,5 km para pegar o ônibus. Foto: Vítor Soares

A comunidade do Monan Pequeno, no Largo da Batalha, em Niterói, amanheceu de luto, nesta quarta-feira (3), após a morte da pequena Ana Clara Gomes Machado, de 5 anos. O sepultamento da vítima está marcado para acontecer no Cemitério São Francisco, às 14h.

"Se eu pudesse eu colocava meus filhos em uma caixinha e só tirava eles de lá quando esse mundo melhorasse, mas não sabemos quando isso vai acontecer", disse Cristiane Gomes, mãe da vítima.

Moradores e representantes religiosos da comunidade realizaram um círculo de oração durante a madrugada.

"Até agora estamos tentando acreditar, porque para nós isso foi um dos piores pesadelos", disse a moradora da comunidade, Rosana Pessoa, de 53 anos.

"Não tem como nós, que somos mães, não chorarmos com o sofrimento dessa mãezinha. É uma dor que, infelizmente, ela vai carregar para o resto da vida. Uma criança que ainda tinha o mundo inteiro para conhecer", complementou Monique Queiroz, de 32 anos.

O prefeito de Niterói, Axel Grael lamentou a morte de Ana Clara.

"Me faltam palavras para expressar a tristeza ao ver ceifada, de forma tão violenta, a vida de uma criança. A pequena Ana Clara Gomes, de 5 anos, perdeu a vida enquanto brincava no portão de casa por causa de uma bala perdida", publicou Grael no seu perfil oficial no Instagram.

Sem ônibus

A circulação de ônibus na Estrada Francisco da Cruz Nunes continua suspensa. As linhas da viação Pendotiba e Santo Antônio pararam de circular na tarde desta terça (2).

"Não temos previsão para retorno da circulação dos ônibus na região, pois não temos nenhuma garantia de que um ato de violência não vai acontecer", disse um fiscal, que preferiu não se identificar.

Enquanto os ônibus não voltam a rodar pela região, quem precisa utilizar o transporte público tem que andar cerca de 2,5 km até chegar à Estrada Caetano Monteiro.

Depois de ficar cerca de 40 minutos esperando o ônibus, a empregada doméstica Regina Couto, de 44 anos, só conseguiu ir ao trabalho porque ligou para a contratante que a buscou na entrada da comunidade.

Estatística

Em sua página oficial no Facebook, a Organização Não Governamental (ONG) 'Rio de Paz' relembrou os casos de crianças de 0 a 14 anos mortas vítimas de balas perdidas no estado do Rio de Janeiro nos anos entre 2007 e 2021. Segundo a publicação, Ana Clara foi a 80ª vítima.

A Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado, por meio da Subsecretaria de Vitimados, informou que ofereceu atendimento social e psicológico para a família de Ana Clara Machado. A equipe psicossocial conversou com a família da vítima na tarde desta terça e disse que vai acompanhar o caso.

Resposta da PM

A Polícia Militar alegou que policiais faziam patrulhamento na Estrada do Monan Pequeno com objetivo de evitar roubos de veículos, carga e pedestres quando foram surpreendidos por cerca de cinco homens armados que teriam feito disparos contra os policiais.

Ainda de acordo com a PM, os bandidos fugiram para o interior da comunidade. No entanto, os policiais alegaram que mais tiros foram disparados pelos criminosos, momento em que teriam ouvido populares gritarem por socorro informando que uma criança foi baleada. Ana Clara morreu após ser baleada no ombro esquerdo.

Policial preso

Apesar da afirmação da PM, a perícia realizada no local apontou que houve apenas disparos efetuados por um policial. Por essa razão, um militar foi preso horas após o crime.

Ainda de acordo com a polícia, dois fuzis foram apreendidos e já estão em poder da Divisão de Homicídios de Niterói (DHNSG), que abriu inquérito para investigar o caso.

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